domingo, 30 de janeiro de 2011

UM INCENSO QUE AFASTE FANTASMAS

Quando o amor acaba é assim. Só resta o nada. Só o peso morto do que poderia ter sido. Só o corpo  vago do que eu era quando lá estive e não me viste.
Se a ti faz falta culpado, que seja eu. Não me importa, ao contrário. Faz-me bem saber que sobrevivi a tudo o que me matava e eu não sabia. Tomo para mim a autoria deste fim, que de tão anunciado, nem nos brinda com a graça da surpresa.
Vai-te embora. Leva a certeza de que todos os pedaços do que sobrou disto, a que nem sei como chamar, são todos teus.
Eu fico com o que sempre foi meu. Meu amor tem outro nome. Meu amor não passa fome, não morre à míngua. Não quero cacos, nem estilhaços, nem falas perdidas. Que se enterrem contigo todos os bocados de quando te quis por inteiro. Não vestirei esse luto.
Da minha boca nenhuma palavra. Nem culto, nem tributo, nem lamento.
Talvez música suave, das que acalentam almas feridas. Talvez um hino que celebre a vida. Choro não. Vela não.  Um incenso que afaste fantasmas. E só.

15/01/11


TAÇA DE OURO NA RODADA DE CRÔNICAS DO BLOG
 http://letrasdobviw.blogspot.com/
COM O TEMA "NEM CHORO NEM VELA"

VALEU, GENTE!!

Um comentário:

  1. gostei a beça. as vezes tudo que a gente precisa é afastar esses fantasmas, um bom incenso. um tipo de exorcismo, sei la

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