domingo, 30 de janeiro de 2011

A RESENHA

Avassaladora paixão entre a jovem filha de um pescador e um marinheiro, ambientada numa aldeia litorânea do sul da Itália, no ano de 1910. A princípio imaginamos ser a história da música Gesu Bambino, do Lucio Dalla, pois a própria música é cantada por um homem numa taberna, enquanto lá na praia ilustra a cena clássica da mocinha que se percebe abandonada pelo seu grande amor, e, parada, olhando o mar, mãos na barriga, com a lágrima caindo livre pelo rosto e os cabelos soltos ao vento, finalmente aceita a realidade de que está realmente só, com o filho para criar. Fortemente repreendida pelos pais, principalmente pela mãe, que a obriga a trabalhar para o sustento do seu filho, ela pede emprego justamente na taberna, como garçonete, na esperança de saber notícias do seu amado.
Só que, pouco tempo depois, quando o filho já com 5 ou 6 anos ( o filme dá uma pulada no tempo) acontece uma reviravolta na história e, ao contrário da música, ela aceita o convite de um velho marinheiro que está prestes a se aposentar e vai embora com ele, abandonando também a criança. Momento tenso do filme, onde não sabemos se a acusamos ou se lhe perdoamos o desejo de reconstruir sua vida, se levarmos em conta a cultura excludente daquela época que condenava à solidão perpétua as mulheres na sua situação. A cobiça incontida dos homens, na ávida expectativa que ela se torne disponível a eles, já que era garçonete na taberna, e as mulheres, com o escárnio advindo da inveja pela sua estupenda beleza e juventude.
Quando pensamos já adivinhar o final, eis que retorna o pai do garoto, com uma história convincente da razão da sua partida repentina. Emoção total no desespero, quando descobre que ela foi embora e ninguém sabe dizer para onde. Seu desejo é o de se jogar no mar, mas quando vê o seu filho brincando sozinho na areia, decide ficar com ele e o filme termina com a cena dos dois correndo de mãos dadas pela praia.
A história, apesar de triste e com passagens parecidas com outros enredos já vistos, conta com a mais linda fotografia de todos que já vi. Tomadas lindíssimas das paisagens daquela região. Até nas tempestades as imagens são primorosas. Além da beleza física de todos os atores, coisa rara em filmes que se propõem a retratar a vida de gente pobre e sofrida. Mérito para a maquiagem e a correta utilização da luz.
Destaque também para a trilha sonora, com clássicos da música italiana, como o Gesu Bambino, já citada, Gli Uomini non Cambiano, no final do primeiro dia de trabalho na taberna, e finalizando com Ammore Annasconnuto, já próximo ao final, tocada divinamente pelo avô do garoto, na cena em que o rapaz sai do mar e se deita exausto na areia, no momento em que reconhece no garotinho a sua razão de viver.
Enfim, um filme sem pretensão de grandes arrastões de público, mas satisfazendo plenamente aos amantes do cinema-arte. - Ah! Esqueci de dizer o nome do filme, não é? Pois é, ainda não decidi. Mas até eu ganhar sozinha na mega-sena terei tempo para pensar em um. Aceito sugestões.


Tem gente que sonha comprar aviões. Outros a filmar suas fantasias.

25/01/11

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