A certa altura do dia olho para as minhas unhas e percebo que passou da hora de dar uma cuidadinha nelas. Pensei em fazer isso na hora do almoço, mas não tenho tempo. Ontem me falaram de uma cantora excelente no Youtube e quero conhecê-la. Pra isso vou precisar usar as minhas mãos no teclado e não posso fazer as duas coisas ao mesmo tempo. E também tem os e-mails pra ler, o twitter, o jornal que deveria ter lido de manhã e essas coisas.
Pensei em deixar pra fazer à noite, mas à noite terei que ocupar os ouvidos, a mente, as mãos e tudo o que for possível pra não ter que ouvir a vizinha, que anda discutindo a relação com o marido há vários dias e parece precisar de platéia. Ah! No fundo nem sei se é pela vizinha. O problema é que assisti num programa de TV ao Renato Terra tocando uma de suas músicas, nuns acordes tão simples do violão que eu fiquei babando de vontade de tocar também. Eu sei aquelas posições, então só preciso me concentrar um pouco na batida. Unhas e violão são incompatíveis. Fico com o violão e deixo as unhas pro final de semana.
Finais de semana são mais complicados ainda. Estou na fase final das pesquisas pra iniciar o meu livro sobre o zumbido, e o outro sobre os meus poemas, e o outro sobre as minhas manias. E o estudo sobre o óxido nítrico, e o blog, e as minhas pinturas, e a Giovana e a Beatriz...
Olho novamente para elas e penso que dar-lhes uma lixadinha e passar-lhes um esmaltezinho básico não demora tanto tempo assim. O diabo é encaixá-las nas minhas prioridades. Agora, por exemplo, seria o momento perfeito, porque coincidiu que eu olhei pra elas, elas olharam pra mim... Pediram com tanto carinho que tá difícil dizer não, mas acho que o patrão não entenderia muito bem as circunstâncias.
Pronto. Resolvi o problema: Tirei o álcool em gel da minha gaveta, dei uma boa desinfetada nas pobrezinhas, afiei os dentes e cinqüenta segundos depois ( 5 x 10 ) já estava pronta pra voltar a trabalhar.
04/08/10
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