sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A MÃE

Num dia de sol, ela chorou de emoção
vendo aqueles pezinhos, pequenos, sujinhos
tão sujinhos já, tão pequenos ainda.
E disse-lhe: - Ande! Caminhe! Venha cá!
( Eu vi!  Estava lá! )
            E ele veio: um passo...dois...o tombo...
E ela o pôs em pé, com carinho, com firmeza
Havia uma lição a ensinar.
Ele haveria de andar, andar muito,
andar tudo na vida
Correr! Quem sabe voar!
pra longe dali, pro céu, pro Sol !
E voltaria pra lhe buscar.

Num dia de chuva, ela chorou de tristeza
vendo aqueles, que um dia,  pezinhos
rumaram sujinhos, pra longe
E disse-lhe: - Fique comigo, não vá!
(Eu vi!  Estava lá! )
            E ele foi. No fundo ela sabia que a vida
estava lá fora, à espera.
Havia uma lição a ser aprendida.
Ele haveria de andar, andar muito
andar tudo na vida.
Correr! Quem sabe voar!
pra longe dali, pro céu, pro Sol!
E voltaria pra lhe buscar.


  
Num dia de tempestade, ela chorou de dor
vendo aqueles, que um dia, pezinhos
rumaram sujinhos e escoltados,
na tevê da vizinha.
E disse-lhe: - Saia daí! Venha já pra cá!
( Eu vi!  Estava lá! )
            E ele, preso, fazia ainda mais uma vítima.
Atônita, não via nele nenhum traço
de quem houvesse lição aprendido.
Doída verdade. Solitária dor.
Nunca haveria ele de andar? Andar muito?
Andar tudo na vida? correr? Quem sabe voar?
pra longe dali, pro céu, pro Sol?
Não voltaria pra lhe buscar?


Num dia cinzento, ela chorou de solidão,
vendo aqueles, que um dia, pezinhos
sujinhos ainda, pequenos já, dormiam.
E disse-lhe:- Ande! Caminhe com Deus! Vá!
(Eu vi!  Estava lá )
            E vi quando ele, depois de rezas e perdões,
aprendendo a lição de uma maneira brutal,
entendeu, finalmente, porque tinha que andar.
E haveria de andar, andar muito
andar tudo na vida, em outra vida.
Correr! Voar!
pra longe dali, pro céu, pro Sol!
E voltaria pra lhe buscar!

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