domingo, 30 de janeiro de 2011

SESSENTA ANOS

Sessenta anos é uma idade estranha. É a divisão entre uma coisa e outra.
É a foz serena de antigas águas revoltas. Quando os hormônios se aquietam.
Quando se faz as pazes com o espelho e se aprende com ele.

Sessenta anos mexem com a memória. É a diferença entre lembrar e recordar.
Quando o baile de debutantes se torna mais importante que as bodas de prata. 
Quando as paixões são esquecidas e os amores perpetuados

Sessenta anos dão medos e risos. É quando se perde crenças e se ganha a fé.
Quando se troca a ilusão da eternidade pela esperança de viver um pouco mais.
Quando se gargalha sem vergonha de gargalhar.

Sessenta anos é a idade das descobertas. É quando se busca a pureza da água.
Quando se sabe o que dana o fígado, o que apazigua o estômago, o que são tendões.
Quando se valoriza o sono bem dormido. Quando se aprende a respirar.

Sessenta anos fazem sentir. È quando se encontra o amor companheiro.
Quando se reparte o coração em mil pedaços, entre filhos, sobrinhos e netos.
Quando se quer perto os que ainda estão e os que já se foram.

Sessenta anos é o início da verdadeira idade. É o gosto das frutas maduras.
Quando se lembra que já passou por muita coisa e ainda assim sobreviveu.
Quando se aprende que a vida se renova a cada dia,  e ainda surpreende.

20/08/10            para a Neusa  (FELIZ ANIVERSÁRIO)

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