domingo, 30 de janeiro de 2011

A NECESSIDADE

Quem fabrica precisa vender. Esta é a mais básica das Leis de Mercado.
Seja lá o produto que for há que passar por caminhos semelhantes: a fábrica, o setor de vendas no atacado, a distribuição e a venda no varejo.
Alguns produtos, por serem de aceitação imediata pelo grande público, por necessidade básica, por grande apelo visual, ou por inovação tecnológica necessitam tão somente de uma boa campanha publicitária e de uma sólida estrutura na distribuição.
Outros, porém, apesar de terem lá seus consumidores não podem seguir os padrões normais, como as drogas (lícitas ou ilícitas), sexo e armas.
Não é politicamente correta a propaganda pura e simples nos meios de comunicação. E, no entanto, as vendas para esses produtos tem sempre mercado consumidor crescente.
Eles requerem campanhas de publicidade mais imaginativas, mais veladas, subliminares até; contudo a rota do marketing é a mesma de todos os outros produtos. Ou seja: cria-se a necessidade, depois se oferece o produto. O consumidor é induzido a acreditar que precisa do produto que está à venda.
Quanto maior a proposta de lucratividade, maior o grupo de pessoas interessadas no negócio. E aí se incluem pessoas físicas, empresas, mídias, instituições e até alguns governos.
Toda e qualquer ação cometida por um ser vivo, humano ou não, visa um objetivo: saciar suas necessidades. E a necessidade de quem investe é obter lucro.
Tomemos como exemplo o conflito armado que se desenha entre nossas vizinhas Colômbia e Venezuela. Engana-se quem pensa nas FARCs como pivô desse conflito. Elas são meramente a “necessidade” Este grupo nunca esteve tão enfraquecido, inclusive financeiramente, como agora. Como poderiam competir com outras fontes de capital em seu país de origem e, mesmo que se refugiassem no país vizinho, quais produtos venderiam que já não o fizesse com maior eficiência a concorrência do primeiro mundo? Por qual motivo o governo colombiano se desgasta há anos combatendo um grupo de desocupados, sem ainda ter conseguido exterminá-lo? E por qual motivo o governo venezuelano compra uma briga que não é sua, colocando em risco as riquezas de seu próprio povo? E ainda, por qual motivo os Estados Unidos implantam e mantém bases militares, a preço de ouro, num país que não é o seu? Business. Business, no seu melhor estilo. Cria-se a necessidade do conflito armado, depois se oferece o produto.
Quem fabrica precisa vender. Já pensaram na queda vertiginosa do valor das ações dos grandes fabricantes de armas, caso o mundo vivesse em paz? E os outros segmentos que vêm no seu rastro, como as grandes construtoras? Constrói-se, destrói-se, reconstrói-se. E todos lucram.
Bom seria para os grandes investidores das desgraças humanas se esse ciclo ocorresse num mesmo lugar, pois os custos de transporte e mão de obra seriam menos onerosos, mas acontece que o mercado se satura.
Do mesmo modo como se incute na cabeça de alguns governantes de países emergentes a necessidade de oferecerem incentivos fiscais a montadoras de automóveis, quando se sabe que elas viriam de qualquer maneira, pela necessidade de novos mercados.
A guerra na América do Sul é uma questão de tempo, pelo simples motivo de que já saturou o mercado de armas na Europa e Oriente Médio. Por lá, agora, é a vez das empresas reconstrutoras. Uma ou outra fronteira, e um ou outro bando de desocupados só pra manter o estoque. Os grandes mercados emergentes mesmo hoje estão na Ásia (Coréia do Sul x Coréia do Norte) e América do Sul (Colômbia x Venezuela).
E neste último, se haverá ou não um pit stop na Amazônia Brasileira, vai depender de como serão as negociações entre as diversas necessidades envolvidas.

27/07/10

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