sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

CARTA PARA RUI

Era uma vez
um amigo, desses que muita gente tem,
de todas as horas, sempre ao lado
-         um amigo dedicado –

Era assim,
Eu tinha um amigo e ele era bem assim,
mas tinha qualquer coisa de errado
-         meio que desajustado –

Tinha bom senso de humor,
um tanto sonhador,
o olhar dividido
-         que eu nunca entendi –

Tinha um jeito carente,
uma angústia latente
por qualquer motivo
-         que eu nunca descobri –

Como se algo faltasse
e o desorientasse, sem que ele quisesse
Como se alguém o chamasse,
se alguém o tirasse de onde estivesse
-         e nunca era ali –


Era uma vez
um amigo, desses que você tem talvez,
e perde, mundo afora, põe de lado
-         um amigo dedicado –

Era assim
Eu tinha uma amigo e fiz com ele bem assim
Pois tinha qualquer coisa de errado
-         meio que desajustado –

Algumas cartas mandava
e sempre me cobrava
que eu não respondia
-         eu nunca escrevi –

Só eu sei como lamento
não ter tido tempo
de ouvir o que dizia
-         eu nunca pressenti –

Um dia tive notícia:
ajustou-se ao seu modo, o meu pobre amigo
e, dentre as suas relíquias,
na foto, um passado que eu tinha esquecido
-         e nunca mais o vi –

E foi assim:
esta é a história de um amigo que perdi
que tinha qualquer coisa errada
-         mas pra sempre ajustada –

“Bastava uma só palavra “
                                                                     

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