domingo, 30 de janeiro de 2011

DO JEITO QUE EU SEI LER

Numa outra crônica falei a respeito de gente gostar de determinadas músicas e outras não.
O mesmo acontece com as coisas que a gente lê. Dependendo do texto, a gente gosta ou não, sem se dar conta das razões. Bate ou não bate, e pronto.
Um dia desses, num outro site onde posto alguns poemas, recebi críticas não muito agradáveis sobre dois deles. O “entendido” comentou que havia rima demais e que ao me preocupar tanto com elas, não dei a profundidade necessária ao conteúdo. Então, ta. Agradeci publicamente a opinião e lamentei intimamente. Por ele. Antes que pensem que eu me considere lá muito inteligente, quero que saibam que tenho auto-crítica ferrenha. Sou perfeccionista ao extremo. Quando chego a postar um texto é porque é exatamente aquilo que eu quero dizer. Quando não haja nada, mas nada mesmo, a tirar ou acrescentar. E inclusive aconselho que assim seja se pretenderem que eu leia. Cada um tem as suas preferências ou rejeições, porque cada escritor procura  alguém que o saiba ler e cada leitor procura o autor que saiba lhe dizer o que ele sabe ler. Por exemplo, não há coisa que mais me irrite em textos alheios que erros de concordância ou de digitação. Não que eu não cometa os meus (só Deus sabe o quanto o Word me ajuda) mas pelo menos tento. Não costumo criticar esses  erros diretamente ao escritor, só passo para outro. Quando alguém me diz que “ a Lua me sorriu tristemente” penso comigo: desde quando a Lua sorri? E ainda mais tristemente, pelo amor de Deus! Próximo. E outro (geralmente mulher): “Eu te amo, meu amor, não sei viver sem você e blá, blá, bla”. Este também me perdeu, porque não foi pra mim que ele escreveu.
Nem sempre foi assim. Antigamente qualquer crítica era suficiente para eu enfiar o meu rabinho literário entre as pernas. Um dia, há não muito tempo, encontrei uma pessoa que  mudou para sempre a minha auto-estima e que agora quero compartilhar o conselho. Disse o meu hoje amigo: “Não se deixe abater por quem não gosta do que você escreve. Eles apenas não estão preparados para você. O que escrevemos são sementes jogadas ao vento. O que você não pode é guardar só pra você porque pode perder a oportunidade de encontrar quem goste.”
Há poucos minutos, ao comentar uns textos do Luiz Ernani, là do Recanto, eu lhe disse que gostei do que ele escreve, porque ele escreve do jeito que eu sei ler. Este, assim como o Francis, o Hudson, a Marília, o Edbar  e vários outros, me ganhou. É gratificante quando autor e leitor falam a mesma língua. Sabe Deus quem lerá e de que modo lerá o que acabo de escrever!
31/12/10

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