sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

MIRAGENS


Querubins esfomeados
de cabelos em carrapicho
vagando, maltrapilhos,
maltratados, mal queridos
nos desertos das cidades
Com que tristeza percebem
que é só miragem a caridade
de algum pedaço de pão  !
Tanta ingratidão, por quê ?
-         São teus também estes filhos?
-         São tuas estas sementes?


Prisioneiros das ruas crescendo
desbravando esgotos
perdendo os dentes
perseguindo a sobrevivência
em liberdade errante
e às aves de rapina
ceifadoras de vidas prematuras
entregam-se delirantes.
Com que aflição percebem
que é só miragem a paz
de algum pedaço de sonho!
Tanta carência, por quê?
-         São teus também estes filhos?
-         São tuas estas flores?


E depois, na desesperança
andando em círculos
procurando seus restos
ou suas meninices  
perdidas num bueiro qualquer
nunca levantando os olhos
pra não verem o que nunca
gostariam de perceber
que é só miragem a lembrança
de seus pedaços de vida.
Tanta injustiça, por quê?
-         São teus também estes filhos?
-         São teus, Deus, estes frutos?


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