Massacradas as tuas raízes
Abertas nossas feridas
causadas por sonhos de paz
à espera das cicatrizes,
(que são dores esquecidas)
pra não ter que doer mais.
És um imenso e derivante veleiro
tua honra adormece
e nossa angústia é covarde.
Aquele orgulho de ser brasileiro
não por causa, mas apesar de
quase esmorece.
Se o teu brio emergisse
desse lago de hipocrisia
em que repousas, entorpecido
e se teu povo descobrisse
a força que tem, sendo unido
meu Brasil, que bom seria.
Brasil, Brasil! O que te espera?
se os teus olhos tão distantes
maravilham outras rotas
imersos em tuas quimeras
e nós, indecisas gaivotas
em descarnados voos rasantes.
É inevitável o naufrágio
que ronda o teu destino.
à deserção impelidos
por esse triste presságio
em nosso respeito tolhidos
neste total desatino.
Se te nutres de indolência
e nós de migalhas vivemos
o que esperarmos de ti?
Indaga, pois, a tua consciência:
- Se não formos brasileiros aqui,
onde é que os seremos?
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