terça-feira, 31 de janeiro de 2012

NA MINHA PÁTRIA NÃO JUSTIÇA

Na minha pátria não há JUSTIÇA.
Na minha pátria não HÁ justiça.
Na minha PÁTRIA não há justiça.
Na MINHA pátria não há justiça.

Essa frase não é minha.
É a tradução de um verso da canção  LA CARTA de Violeta Parra.

As alternâncias do enfoque nas palavras dentro do contexto era exercício ensinado nas aulas de interpretação de texto, nos tempos de colégio.

De fora pra dentro, num crescente, assim se mede uma dor, aprendi com o tempo.
A dor, enquanto de Violeta, me causava comoção. Um pouco mais, eu diria, por eu me considerar poeta e os poetas sensibilizam-se até com lua cheia, quanto mais com dor alheia.
À medida que a dor se aproxima do umbigo, vão se agregando outros sintomas, como desespero, náusea, sensação de impotência e abandono.
Poderia citar vários exemplos do que anda acontecendo na minha pátria e que se aproximam perigosamente do meu umbigo, a ponto de me fazerem lembrar da canção.

A gota d’água/veneno de hoje foi uma reportagem vista na TV sobre os brasileiros sem-teto expulsos, na porrada, dos tetos que ergueram em terreno ilegal, no interior de São Paulo.
Na minha pátria fez-se a justiça (da qual dispomos): devolveram, na porrada, o terreno ao seu legítimo dono, o Sr. Naji Nahas (que todo brasileiro tem a obrigação de saber quem é), porque ele tem o registro de posse. E eu tenho vontade de falar muito sobre isso, mas não consigo escrever e cuspir ao mesmo tempo.

Para tentar esquecer tudo isso, volto aos exercícios juvenis de interpretação de texto, desta vez de dentro pra fora, para ver se a dor vai embora:

EU estou com vergonha de ser brasileira.
Eu ESTOU com vergonha de ser brasileira.
Eu estou com VERGONHA de ser brasileira.
Eu estou com vergonha de SER brasileira.
Eu estou com vergonha de ser BRASILEIRA.


28/01/12

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